CHEGA

SINTRA MERECE MAIS

SINTRA MERECE MAIS

Miguel Fonte – Partido CHEGA!

Pelo simples facto de se pensar em Sintra, já a nossa imaginação nos remete para um passado requintado e faustoso de reis e rainhas; e a Serra, de bosques sombrios marginando jardins e lagos, com fontes cristalinas desdobrando-se em cascatas que descem até ao mar.

Todavia, atualmente, numa visita a Sintra, todo o devaneio esmorece, pois a realidade que encontramos é bem diferente daquela que imaginámos. E o sonho transforma-se em pesadelo à medida que adentramos S.Pedro em direcção ao centro histórico. A fila de carros compacta e lenta e, em alguns dias, mesmo parada em grande parte do percurso, faz com que muitos visitantes desistam do seu propósito. Os mais persistentes chegam, por fim ao seu destino, mas deparam-se com inúmeras dificuldades,  quer de estacionamento quer logísticas. O trânsito caótico, a par com a falta de resposta adequada por parte da autarquia faz com que nos deparemos com cenários degradantes de carros mal parados, lixo no chão e recantos usados como latrinas.

   É verdade que todos estes constrangimentos se devem, em boa parte, à enorme pressão do fluxo turístico que tem vindo a aumentar ano após ano. Contudo, com excepção da exemplar recuperação do património histórico/cultural que tem vindo a ser realizado pela entidade Parques Monte da Lua, nada mais se tem feito em prol do desenvolvimento desta Vila, de encantos únicos no nosso país, de forma a acompanhar o progresso e dar resposta cabal aos desafios que os tempos actuais nos impõem.

   O desencanto de Sintra afecta  também os residentes – população idosa, população activa e comerciantes- que animam, dão vida e contribuem, em larga escala, para o desenvolvimento local, também não estão satisfeitos porque têm vindo a perder gradualmente a qualidade de vida, a tranquilidade e a sensação de bem-estar. Já não fruem dos encantos de Sintra como outrora, o que tem levado muitas pessoas a mudarem a sua residência, abandonando Sintra, desmotivadas. 

   Os serviços públicos estão pouco acessíveis e funcionam muito mal. Parece que a herança que nos legou a recente pandemia da COVID, as longas filas de espera, vieram para ficar e fazer com que a população mais afastada dos centros urbanos, mormente a mais idosa e desfavorecida, sem meios próprios para se deslocar, esteja cada vez mais desprotegida. 

A juntar a este cenário muito pouco animador, também concorre para o desencanto geral a degradação e sujidade do edificado urbano, público e privado. Edifícios lindíssimos e carismáticos deixados ao abandono, como é o caso do Cine-teatro da Portela, um exemplar de Arte Nova, que está a degradar-se há várias décadas. Tudo isto concorre para o sentimento generalizado de desconforto e frustração da população residente. A manter-se esta tendência,  e à medida que os idosos vão desaparecendo, dentro em pouco Sintra vai ficar com uma população residente muito reduzida, comparativamente a outros centros urbanos. Os mais novos vão procurar outros locais mais apelativos para viver. 

Não há falta de meios para resolver estes problemas, mas há falta de vontade política. E não se faz nada de substantivo para inverter este ciclo desastroso. Por parte das entidades competentes há uma inércia incompreensível e um silêncio constrangedor face aos apelos que lhe são dirigidos.

   Estes males de que Sintra enferma já são crónicos. Pois que, pelos anos 90, por ocasião de um programa televisivo realizado em e sobre Sintra, já o saudoso Professor José Hermano Saraiva comentava: ” SINTRA MERECE MAIS”